oficina da luta

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Esse espaço é direcionado a todos que curtem o mundo das Lutas.

segunda-feira, 31 de julho de 2023

IDEOGRAMAS DA PALAVRA "KARATÊ"

A algum tempo tenho estudado sobre os ideogramas que formam as artes marciais japonesas BUDÔ.

Achei muito interessante o artigo desse autor que vou transcrever abaixo com a devida referência:

OS PIONEIROS DO TODE/KARATE (MÃO CHINESA)

FROSI, Tiago Oviedo.  Porto Alegre: Núcleo de Apoio à Educação à Distância - NAPEAD UFRGS

Curso de Extensão em Karate-Dō UFRGS

A maioria das pessoas quando inicia o treinamento do Karate-Dō, do Judō, do Aikidō ou de qualquer outra arte marcial japonesa (Budō) se pergunta o que essas palavras do idioma nipônico significam. Quando pesquisamos na internet ou mesmo em muitos livros (incluindo aí obras importantes como os volumes de Nakayama sensei), encontramos a tradução Karate = Mãos Vazias. De fato o primeiro ideograma (Kanji) para Karate é Kara (), a Vazio, e tem muitos usos. Um dos usos é a designação de um espaço vazio comum, uma vaga de estacionamento livre, por exemplo. Porém é também usado na Filosofia Oriental, especialmente no Budismo, como designação para o mais profundo estágio e nível da Consciência ou da Totalidade, o Anel do Vazio ou Kuurin (空輪). Quando escreveu os livros Karate-Dō Kyohan e KarateDō Nyumon, na primeira metade do século XX, Funakoshi Gichin sensei deixou bem claro que era a esse “Vazio Espiritual” que se referia, afirmando entre outras coisas que, para alcançar o verdadeiro domínio da arte, o karateka precisava livrar-se dos desejos, dos apegos e das suas limitações internas. Estava diretamente influenciado pela filosofia budista. No Ocidente, a Psicologia chamou esse processo de “integração da Sombra”. Este é, portanto, a primeira razão pela qual não devemos pensar em Karate como mãos vazias ou livre de armas, como muitos propõem.

O próprio Funakoshi sensei nesses livros refuta esse significado. Ao entrar no tópico de que Karate é a “arte das mãos vazias”, em que não se usam armas, caímos na segunda questão: não se usa mesmo nenhuma arma no treinamento de Karate-Dō? Ora, usa-se! São as armas tradicionais do Okinawa Kobudo, também usadas na China e, conforme os mitos, inspiradas nas ferramentas rurais. Quando começou a lecionar no Japão, Funakoshi sensei ensinava o uso do Bo (bastão longo) e Sai (gancho de três pontas, ou ancinho), além de usar outros equipamentos relacionados às práticas com armas que são as ferramentas de enrijecimento corporal (Tanren). Por razões políticas (o Japão já tinha seu Kobudo, que empregava a Katana, a Naginata, o Kyu, o Yari e outras armas), a Nihon Karate Kyokai (depois JKA) excluiu o treinamento com armas dos currículos do Karate e passou a defender a tradução do nome “Mãos Vazias” associado ao não uso de armas. Mesmo com essa jogada que dominou a mente de muitos praticantes por anos, outros estilos como Goju-ryu, Shito-ryu, Ryueiryu e muitos outros, além de dissidências dentro do próprio Shōtōkan, mantiveram o treinamento de Kobudo (Caminho das Armas Antigas) associado ao Karate-Dō. Sendo assim, para defender tanto a memória do trabalho de Funakoshi sensei quanto os fundamentos vitais do Karate original, há muitos anos venho defendendo que se abandone a tradução “mãos vazias” e passemos para a tradução mais adequada “Caminho das Mãos do Vazio”. Essa tradução nos lembra que trilhamos uma senda (Dō) em que, através do aperfeiçoamento de nosso corpo, de nossas mãos e técnicas (Te), chegaremos à evolução de nosso caráter e também avançaremos espiritualmente, pois temos uma meta, que é nos aproximarmos desse Vazio (Kara). A mensagem por trás da mudança do nome Karate (唐手 = mãos dos Tang/China) para Karate-Dō (空手道 – Caminho das Mãos do Vazio) pretende sugerirnos que trilhemos um caminho integral, desenvolvendo corpo, mente e espírito, dentro da tradição japonesa do Budō

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O QUE É OFICINA DA LUTA ?

      A iniciativa "OFICINA DA LUTA" tem como 
proposta principal  aproximar as pessoas ao universo das Artes Marciais, através de treinos, pesquisas, palestras, oficinas, encontros, apresentações, produção de textos , fanzines, e disponibilização de material na internet.
  Procuramos apresentar a arte marcial obedecendo o princípio da Totalidade, considerando-a como um todo indivisível formado por diversas modalidades diferentes com suas respectivas historias , culturas, expressões , tradições e códigos.
As diversas lutas se relacionam, se completam, se adaptam e se transformam no decorrer do tempo.



NOSSO MASCOTE "O COISA"
(a forma pejorativa como eramos conhecidos no início do nosso trabalho) 


       Atualmente nos reunimos em um espaço independente onde se  pratica de forma eclética diversos métodos e estilos de Lutas e Artes Marciais colhidos em diferentes fontes. 
Em um único dojo professores de diversas lutas ensinam com liberdade os seus conhecimentos e alunos aprendem sem distinção diversos estilos.
             Quando grafamos "atualmente" em negrito foi para destacar que nem sempre a oficina teve esse formato de hoje. Desde que ela surgiu como ideia assumiu diversas formas até chegar ao formato que estamos hoje. 
                A principio começamos a expressar nossa visão em fanzines, a desenvolver nossos encontros e treinamentos em igrejas, clubes, espaços culturais, escolas e salões da prefeitura. Até 2019 não tivemos uma sede fixa. 

                                                          Por que Oficina?

O nome "oficina" já provoca essa pergunta," o que é oficina?" porque não chamamos de academia, ou porque não nos definimos como uma equipe ou como dizem atualmente um  "Team"? 
Primeiramente porque priorizamos valores diferentes, a oficina tem a ver com a própria etimologia dessa palavra “Oficinae” do latim lugar onde se elabora ou se fabrica algo, transmite a ideia de uma criação artesanal “um a um” diferente da produção industrial em larga escala. O produto carrega as digitais de quem o criou, como as oficinas da idade média, caracterizada pela simplicidade .
Na palavra oficina está presente o radical “Opus”, ou seja, obra ou trabalho, e cinae (um fazer). Lá na oficina cada artista realiza a sua obra. Lá ensinamos, aprendemos, transformamos e somos transformados. Para nós que fazemos parte dela acreditamos que vai muito além de ser uma equipe ou academia.
Com disse anteriormente contamos com vários faixas pretas de diversas modalidades ensinando , alunos que transitam por diversos estilos e em determinados dias nos reunimos e treinamos "luta livre" híbrida com golpes de várias lutas diferentes.
Nascemos livres e pretendemos continuar a ter essa liberdade aprender, livre de amarras chamadas de "estilos". 
BRUCE LEE - uma das nossas inspirações 
                                    
 “Absorva o que for útil, rejeite o que for inútil. Acrescente o que é especificamente seu. O homem, criador individual, é sempre mais importante que qualquer estilo ou sistema estabelecido. ” (BRUCE LEE)







EQUIPES 







LINK:








sexta-feira, 24 de julho de 2020

MANIFESTO - OFICINA DA LUTA


"O caminho do guerreiro na pós modernidade - seus desafios e oportunidades " 
 
 Dirigimos essa mensagem a todos os praticantes , simpatizantes , leigos, ou qualquer pessoa que tenha no mínimo curiosidade sobre as artes marciais com a finalidade de refletir como será o futuro das artes marciais, após esse momento marcante da nossa história. 
Quero escrever esse texto talvez como uma cápsula do tempo, onde futuramente possamos olhar e ver quanto acertamos e quanto estávamos errados ou mesmo tentar entender o momento que vivemos hoje.
Em primeiro lugar de agora em diante passo a tratar esse conceito como Arte Marcial no singular e não mais artes marciais (no plural), pois acredito que a Arte Marcial é um “todo” indivisível porém que se apresenta na forma de  diversas modalidades.
A Luta para mim é apenas um aspecto da Arte Marcial, como já disse um sábio uma vez "a arte marcial é tão completa que serve até para lutar" se referindo que ela pode ser dividida em luta , esporte, diversão, exercícios, sobrevivência, cultura, história, etc.
Bruce Lee em uma entrevista para TV afirmou: -Eu não ensino Karatê porque não acredito mais em estilos. Não acredito no modo de luta chinês ou no japonês. A menos que tivéssemos três braços e quatro pernas, poderia haver diferentes formas de combate. Os estilos tendem a separar os homens porque eles têm suas próprias doutrinas, e a doutrina se torna uma verdade que você não pode mudar. Dizem que ele próprio se arrependeu de dar nome ao seu estilo preferindo chama-lo de ARTE MARCIAL simplesmente.
Uma vez uma professora me disse se referindo ao ensino
da  Matemática: _ Rapaz ou você vê a floresta ou você vê a arvore! Ou seja, em enxergar o Todo ou as partes uma a uma. Ela queria dizer que poderia passar o ano todo ensinando por exemplo “Frações” e não esgotaria o assunto, mas onde ficariam as equações, as formas geométricas , os gráficos ,  a Probabilidade, Porcentagem,
 etc . Que eu deveria fazer esse exercício de enxergar o todo e cada uma das partes. Trabalhando esse processo de construção e desconstrução o tempo todo. Ou mesmo como uma Exegese Bíblica do geral para o particular, e do particular retornando ao Geral.
Semelhantemente os estilos são fatias da Arte Marcial, acho que era isso que Bruce Lee queria expressar. 
 Vamos então pensar no todo para chegar nas partes.
A luta na forma livre é tão antiga quanto ao homem, podemos afirmar com certeza que em todas as épocas e em todas as culturas o homem sempre lutou e pelos mais variados motivos para se defender, para ampliar seus territórios, para se exercitar ou mesmo para se divertir. A luta faz parte da cultura de todos os povos e de todas as épocas.
As origens mais remotas da arte marcial são da pré-história, quando o homem primitivo, de uso de um pedaço de pau, pedra, ou osso, se defendeu de animais selvagens ou de algum inimigo.Foram encontradas pinturas rupestres de Lutas (homens das cavernas - Mesolítico). As técnicas de lutar  foram se aperfeiçoando gradativamente e transmitidas às gerações posteriores. Métodos mais eficazes de guerrear foram criados, estudados, aperfeiçoados e ensinados durante toda a história da humanidade. Em alguns textos anteriores defendi a idéia de que não houve um único centro gerador da arte marcial e sim que foi pipocando em diversas partes do mundo nos mais variados povos e nas mais variadas épocas, não tendo necessariamente relação entre si ainda que eventualmente isso pudesse ocorrer porque o homem também viaja e entra em contato com outras culturas. A questão dos nomes das lutas também é um caso a ser discutido por exemplo:
JUJUTSU era um nome genérico para diversas formas de lutar no Japão antigo, existiam então centenas de escolas diferentes , com sistemas diferentes porém com um mesmo nome jujutsu, o mesmo podemos dizer do KUNG FU um nome genérico para diversos estilos de luta chineses, sendo que existem inclusive estilos que são praticados por famílias no quintal de casa . Alguns tempos atrás o saudoso mestre Naja disse em entrevista que quando morou na Tailandia observou que o ensino de Muay  Thai era realizada em pequenas células . Uma disputa na justiça pela marca Krav Maga chegou a seguinte sentença que krav maga é traduzido como defesa pessoal portanto ninguém possui como marca.
Enfim muitos praticantes querem defender que o seu estilo é o mais tradicional, ou verdadeiro ou mais eficiente pois a Arte Marcial também disputa um mercado. Mas como nos comportar diante dessa polaridade?
Acredito que como praticante de Arte Marcial devemos ter dois Olhos.
Vou explicar .
Um olhar voltado para trás, ou seja,  para a Tradição , para o nosso passado, com profundo respeito aos nossos  mestres e a história da sua escola. Não existe arte marcial sem o legado dos povos antigos e toda a sua contribuição para o que temos hoje.     

Mas também ter um olhar para frente para o novo, para tudo que tem surgido. Com a criação do UFC houve uma verdadeira mudança no modo de pensar das pessoas, muitos notaram que para enfrentar um desafio daquele era necessário estudar mais que uma modalidade marcial, hoje é quase senso comum que estudar um único estilo é ineficiente para esse tipo de combate.
O treinamento cruzado de vários estilos de luta que no passado era tratado como verdadeira traição hoje se faz necessário para quem que lutar no MMA. Podemos afirmar que a Arte Marcial está em constante evolução. Um método de defesa pessoal dos anos 50 não é mais eficiente nos dias de hoje pois o comportamento do homem também mudou.
 “ Não existe nada fixo na arte da guerra”.
Portanto defendemos que de agora em diante devemos ter esses dois olhares : reverência ao passado e mente aberta para o novo.
 Tudo indica que o conhecimento será Híbrido .
Basta ver como a nova geração se comporta diante da informação. Eles se informam mudando de canais , transitando de um conteúdo para outro formando uma verdadeira colcha de retalhos, a mesma coisa tenho visto com jovens em relação aos estilos de arte marcial . Tenho alunos que apesar da pouca idade já passaram por capoeira, jiu jitsu , karatê , etc. Por alguns é visto como um diletante, um entusiasta que ainda não se encontrou em nada, porém eu não vejo desse modo, porque eu acho que quem busca a verdade com sinceridade e não com interesse de vantagem  pessoal terá que fazer esse caminho. Eu particularmente sempre percorri essa trilha.


Outro dia um mestre me disse que havia desistido porque essa geração não quer nada. Será que não quer nada? Ou não quer o que está sendo oferecido?
Taí a necessidade de exercitar os dois olhares.
Estaremos preparados para encarar o sistema híbrido de luta? Ou estaremos presos as nossas verdades, fixas e imutáveis?
Vejo que esse movimento já vem tomando forma na internet posso citar canais famosos com Núcleo Dharma, Kav Maga Caveira, e outros que já tem essa visão aberta e progressista da luta. 
O modelo será descentralizado.

Hoje completa 4 meses que estamos em quarentena no Brasil, todas as escolas e academias estão ainda fechadas, as pessoas em sua maioria em isolamento social. O nosso centro de artes marciais está fechado e estou terminando a minha pós graduação em treinamento em artes márciais mistas.  É um tempo onde muitos pensadores dão suas opiniões de como será o recomeço ou como muitos estudiosos passaram a se referir o novo normal.

Descentralização Talvez aí esteja o ponto mais polêmico do meu texto. Vou apelar o tempo todo para o princípio da dualidade, lembrando que um grande perigo é o de tomarmos um determinado partido ou se tornar radical defendendo com fanatismo um lado em detrimento do outro.

Até que ponto podemos seguir um caminho totalmente independente dentro da nossa arte marcial?

Se por um lado ninguém consegue praticar arte marcial sozinho porque sempre precisamos do outro para aprender, para treinar e até mesmo para competir para ver em que nível nós estamos enquanto eficiência, por um outro lado o último degrau de evolução dentro da arte é o da “liberdade” ou “RI” (separação), assumindo o  seu estilo pessoal.

Um dos grandes debates dos dias atuais dentro da Internet é sobre a existência das Federações e Confederações, onde a questão principal é: DEVO ME FEDERAR? Ou ainda, QUAL É O MEU PRINCIPAL OBJETIVO EM ME FEDERAR?

Bom vamos começar analisando a função da federação (e consequentemente das confederações). As principais finalidades de uma federação seria a divulgação do esporte, sua organização e a promoção de eventos e campeonatos. Até aí sem problemas, porém vamos lembrar que não existe uma única confederação, vou tomar como exemplo o Jiu Jitsu, em se tratando de Confederação temos: CBJJ, CBJJE, CBJJO, CBJJD, CBJJP, CBJJT, CBJJ&J e outras que desconheço. Federações então dezenas. Que pelo conflito de interesses, não existe consenso entre as entidades e a realização de torneios independentes e periódicos não preveem uma disputa para unificação de títulos. Existem questionamentos sobre as cifras arrecadadas com a realização de campeonatos, onde não se demonstra investimento no crescimento do esporte, já que seria uma obrigação das federações, segundo os estatutos.

Agora vamos supor que existisse somente uma única Confederação, nesse caso, poderia surgir um outro problema, sendo ela “única” poderia se tornar arbitraria ou mesmo autoritária e não mais atender ao interesse coletivo. Ou mesmo se associar politicamente com pessoas com má intenção.

 Você consegue perceber como é complicada essa questão???

Ao mesmo tempo que precisamos competir ou mesmo entrar em contato com outras escolas, a nossa escola muitas vezes prioriza valores diferentes das demais escolas.

Imagine campeonatos que terminam em palavrões ou mesmo em pancadarias o prejuízo que causa para um DOJO por exemplo que tem o ensino voltado para crianças.

Portanto volto a declarar que existem escolas para todos os gostos e para todos os bolsos. Devemos então quando buscar uma escola ter muito bem definido qual é o nosso objetivo: quero competir, desejo me tornar um campeão mundial? Ou apenas quero treinar para me exercitar e ter uma qualidade de vida, por recreação, ou ainda, para buscar pertencimento a um grupo que compartilha um mesmo estilo de vida, atividades e interesses similares. Tudo isso deve ser considerado.

E a escola também definir qual tipo de pessoa ela quer agregar. Isso deve ser muito bem conversado.

Pesquise na Internet sobre os tipos atuais de Jiu Jitsu (Old School, New School, American JJ, BJJ, Gracie JJ, Tradicional, e muitos outros menores) se você acha pouco saiba que no Japão antigo existiam mais que 700. Ou mesmo que nos anos 80 e 90 cada esquina tinha um estilo de Karatê diferentes em tudo.

Acredito que a arte marcial por ser muito ampla vai conseguir abarcar todos os tipos de interesses no futuro.

Por esse motivo eu alertei no início que estávamos diante de uma DUALIDADE, da mesma forma que precisamos ter contato com outras escolas para compararmos ou mesmos testarmos nossos conhecimentos, por outro lado precisamos nos distanciar para defender nossos valores e prioridades, precisamos das confederações desde que elas não se tornem autoritárias ou abusivas.

Necessitamos dos nossos mestres mas devemos nos lembrar de um princípio importante do Budô que é o:

 

SHUHARI

Shuhari significa:

Shu ou Obedecer: esse é o momento em que o aprendiz precisa ser humilde e robótico, e obedecer quais são os principais pontos que devem ser seguidos (também conhecidos como regras). É quando ele precisa repetir o que o mestre diz sem utilizar muito do pensamento crítico durante o processo. É o foco em seguir cegamente técnicas validadas.

Ha ou Desviar: nesse segundo momento, o aluno passa a quebrar pouco a pouco as regras anteriores, ainda com o resultado final em mente. É o momento em que a teoria e o conhecimento passam a desafiar as técnicas, e os princípios passam a ser o diferencial para a evolução do conhecimento.

Ri ou Separar: nesse momento não existem mais técnicas, princípios ou conhecimento útil que não venham de fora da mente. A partir de agora, as atividades são executadas de forma natural, a evolução dos processos e do conhecimento surgem do indivíduo e temos inovação e quebra de paradigmas.

28.09.2020 

A oficina da luta é conceitual, ela é uma ideia, não se trata de uma instituição, não temos sede fixa, estatutos, funcionários etc. O encontro de pessoas que curte arte marcial, a troca de conhecimento, as parcerias, e a discussão de temas é que formam isso que chamamos de Oficina. O movimento surgiu por volta do ano de 2010, de maneira quase espontânea, em um momento em que um grupo de educadores resolveu criar um movimento cultural que envolvesse a criação de Cineclube, Grupos de Teatro e Danças, Cafés Filosóficos, Feiras Literárias e outras manifestações locais , dentro deste caldeirão cultural que estava se formando pediram ao Prof. Anízio Jr que apresentasse uma proposta envolvendo a Arte Marcial , oportunidade em que apresentou um conjunto de ideias que acabou na formação da iniciativa “oficina da luta” que  tinha como proposta principal  aproximar as pessoas ao universo das artes marciais, através de treinos, pesquisas, palestras, laboratórios, encontros, apresentações, produção de textos , franzines, e disponibilização de material na internet.

Desde que surgiu a oficina assumiu diversas formas até chegar ao formato atual. A princípio expressando sua visão sobre as lutas, em fanzines, e desenvolvendo seus encontros e treinamentos em igrejas, clubes, espaços culturais, escolas e salões da prefeitura. Até 2019 não teve uma sede fixa.

A oficina da luta se dedica a praticar livremente e de maneira eclética todos os tipos de técnicas de autodefesa, contando atualmente com vários colaboradores de diversas modalidades de lutas, ensinando e aprendendo diversos estilos e formas diferentes. Com total liberdade para trocar experiências, livre de amarras chamadas de "estilos".

Não possuimos nenhuma linhagem clássica ou hierárquica, apresentamos uma estrutura descentralizada, horizontal, sem chefe ou estatutos escritos. Nosso objetivo principal é formar uma grande comunidade de pessoas com ideias semelhantes se ajudando através da troca de conhecimentos, sempre buscando mecanismos para que as pessoas se conectem e construam relacionamentos saudáveis ​​com base na amizade, treinamento e respeito mútuo, independentemente da categoria na faixa.

Apesar de se considerar um Grupo Independente, sem levantar bandeira de nenhuma equipe ou ideologia, com autonomia nas tomadas de decisões e livres de qualquer influência, atualmente tem seu trabalho reconhecido por várias Comunidades Marciais e Associações recebendo diversos selos e certificados. 


terça-feira, 14 de julho de 2020

Reabrir ou não as academias de LUTA durante a pandemia?




Como vimos nesse final de semana as academias foram autorizadas a funcionar desde que seguindo um rigoroso protocolo (distanciamento, aulas agendadas, horários, % de alunos).
Desde o anúncio da medida os professores me procuraram dizendo que o telefone deles não parava de tocar, muita gente perguntando qual seria a nossa posição. Após analisarmos ponto a ponto cada parte do protocolo cheguei a seguinte conclusão: ”NÃO É POSSIVEL RETORNAR AOS TREINAMENTOS NESSAS CONDIÇÕES”. O nosso centro permanecerá fechado.
Essa quantidade de exigências indica que ainda não é seguro voltar, imagine treinar luta com máscara fechando boca e nariz, sem poder se aproximar, a respiração ofegante nos obrigaria a se afastar por mais de 5 metros, arte marcial sem nenhum contato físico? Isso se os alunos se sentissem seguros para ir ao tatame, sabendo que as suas escolas permanecem fechadas.
Essa flexibilização é mais pela questão econômica do que pelo problema ter sido solucionado. Durante esses mais de cem dias fechados, o governo sofreu muita pressão por parte do setor para que as academias voltassem a funcionar.
Um dos argumentos utilizados é que “o esporte faz bem a saúde”, isso ninguém tem dúvidas. Uma vida esportiva é saudável, ou melhor, uma trajetória de vida e não tentar iniciar um treinamento agora no meio do contágio de uma doença, isso faria se debilitar e se tornar mais propenso a ela. Devemos tomar muito cuidado com os argumentos que tem sido colocados porque tem muito interesse envolvido.
Resumindo, tenho pedido paciência aos alunos, que nessa época procurem ler e estudar a parte teórica das Artes Marciais. Se apropriarem da Pena e não da Espada, porque não dedicar tempo a Literatura , a Arte, a História e a Matemática.
“Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar” (A paciência é uma das maiores virtudes exploradas nas frases do milenar livro A arte da Guerra de Sun Tzu. Por meio dela, algumas vitórias decisivas virão no tempo certo e com a recompensa certa.
Queria que vocês soubessem que estamos estudando profundamente como será a nossa volta.
Com certeza nossa Arte Marcial sofrerá muitas transformações e adaptações necessárias para continuar a existir nesses novos tempos. Assim como outros animais, um indivíduo somente sobrevive quando se adapta a um ambiente. Isso inclui as pessoas, o movimento local e as tendências.
Seja forte e corajoso meu irmão. Deus é contigo.

                                                                            ( Sensei Anízio Jr)


sábado, 27 de junho de 2020

A PENA E A ESPADA EM PERFEITO EQUILÍBRIO


Reza uma antiga lenda que um monge hindu chamado Boddhidharma caminhou da Índia até a China, pois acreditava que o budismo praticado na China estava tomando um rumo errado.
Lá chegando, após algum tempo, o monge seguiu para o Templo Shaolin onde passou a ensinar seus conceitos e técnicas de meditação e exercícios físicos e movimentos de autodefesa que mais tarde seriam conhecidos por Wu Shu e posteriormente popularizado com o nome de Kung Fu.
Na antiga China, apesar de já existirem algumas formas de boxe chinês, o Templo de Shaolin do Norte foi o maior centro de ensino de artes marciais do país. Porém, por ser um templo, seus integrantes eram todos monges e, como tais, praticavam a meditação, a caligrafia, a pintura e, em um último plano, as artes marciais, que tinha como objetivo melhorar a saúde do corpo fortificando-o para que pudesse dar moradia a um espírito em paz. 


Note bem, os monges praticavam a Arte da Guerra ao mesmo tempo que praticavam os movimentos suaves da Caligrafia, os fortes exercícios de força física e a suavidade da meditação.
Essa pratica demonstra o perfeito equilíbrio presente em uma vida saudável.
“ ... a pena e a espada são inseparáveis como duas rodas de uma carroça. ” (Gichin Funakoshi na introdução de seu livro Ryukyu Kempo Karatê )
Nesse tempo de ISOLAMENTO tenho pensado muito nessa frase, e me lembrei que a muitos anos atrás fiz uma cirurgia na minha perna direita (por haver sofrido uma lesão no nervo ciático) e fiquei mais de 6 meses em casa, com uma agravante: meus pais e meus irmãos todos os dias saíam para trabalhar e eu ficava só, em uma época onde eu não conhecia Internet ou TV a cabo. Por não poder me locomover ficava praticamente o dia todo sentado ou deitado lendo ou vendo TV e repassando minha vida inteira a limpo.
Com toda certeza afirmo: minha vida jamais foi a mesma depois dessa experiência. Muitos dos meus conceitos foram reavaliados, muita coisa descartada e muita coisa acrescentada.
Para mim, particularmente, tenho tomado esse momento como uma chance de desacelerar, seria a própria vida me pedindo calma? Para largar um pouco a “espada” e pegar a “pena”? Uma chance para pensar quem tenho sido e o que tenho feito, e com tantos dias fechado tenho a chance de me avaliar: não no sentido de me condenar ou me justificar, mas em um contexto de autoconhecimento. Escrever os meus planos para a retomada das minhas atividades, planos para me dar um referencial mesmo sabendo que nada obedece um roteiro bem definido, a pandemia é uma prova disso.
Acho que é esse o significado da espada e da pena. Existe um tempo da Espada em que somos levados ao campo de batalha no cumprimento da nossa missão e um tempo da “Pena” onde a própria vida “pede calma” nos leva a reflexão, a voltar o olhar para dentro. Somente para lembrar os Monges praticavam A Arte Marcial (espada) e a Caligrafia (Pena) representando dessa forma o equilíbrio da vida.


 *** Texto produzido no terceiro mês de isolamento social por conta da pandemia do corona vírus.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

OFICINA DA LUTA - FILIADA A CONFEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ARTES MARCIAIS



Apesar de nos considerarmos uma Associação
Independente , sem levantar bandeira de nenhuma equipe ou ideologia,  com autonomia nas tomadas

de decisões e livres de qualquer influência, nosso trabalho atualmente  é reconhecido por duas Confederações ( de artes marciais e de jiu jitsu ).