A CAPOEIRA É AFRICANA OU BRASILEIRA ?

Muitas pessoas tem feito essa pergunta, e tenho respondido que estamos diante de uma das questões mais polêmicas do mundo da capoeiragem, mesmo os grandes mestres Pastinha e Bimba tinham opiniões opostas com relação a esse tema um afirmava ser africana enquanto o outro afirmava ser brasileira. A maioria dos livros apresentam esquemas que dão a impressão de que a evolução da capoeira ocorreu de maneira linear, ou seja da África para a Bahia e de lá aos demais centros. Porém não foi bem isso que aconteceu. Cada região brasileira desenvolveu diversas formas de lutas locais ou originárias de outros países ( cada povo tem sua história e costumes ). Algumas dessas lutas de origem africana como a Tiririca, a Pernada e o Batuque simplesmente entraram extinção por diversos motivos, outra como a capoeira sofreu diversas transformações ganhando e perdendo elementos e chegou aos dias de hoje. Uma questão muito discutida atualmente é que a capoeira tal como conhecemos  seria formada da fusão de diversos ritmos e lutas africanas uma vez que a escravidão reuniu em um mesmo local muitas etnias diferentes. A verdade perdeu-se no tempo por falta de registro ou mesmo porque a tradição oral é um pouco tendenciosa atendendo sempre o interesse de algum grupo. O próprio Lamartine P. da Costa em seu livro Capoeira sem Mestre – Edições de ouro – pág. 18 escreveu “ Não  há propriamente uma só capoeira mas sim variações sobre os movimentos básicos. Na Bahia cada mestre ensina a luta a seu modo”.             

Nós da oficina da luta acreditamos que não existiu um único centro gerador e irradiador de todas as formas de lutas e sim que a luta é uma criação humana e que onde o homem esteve presente ali também surgiu alguma espécie de Luta, seja para defender-se,  para exercitar-se ou mesmo para brincar com os filhos ( como acontece no mundo animal os pais fazendo “lutinhas” com os filhotes ).

Longe de sermos donos da verdade notamos que quanto mais buscamos informações sobre esse tema mais surgem perguntas difíceis de responder, e o mais importante é nunca parar de perguntar.  

FANZINE : "OFICINA DA LUTA"